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16/04/2020 às 12h01min - Atualizada em 16/04/2020 às 12h01min

Mestre de obras ganha oferta de trabalho no Rio depois de passar 10 anos desempregado

Após ser entrevistado pelo Bom Dia Rio, uma empresária ofereceu emprego ao homem. Raimundo Nonato virou a noite em fila para conseguir regularizar cadastro do CPF.

A busca do mestre de obras Raimundo Nonato de Souza, de 56 anos, por um emprego pode finalmente chegar ao fim nesta quarta-feira (15). Após ser entrevistado pelo Bom Dia Rio, uma empresária ofereceu emprego ao homem, que há dez anos busca uma oportunidade de trabalho.

Raimundo foi ouvido enquanto tentava regularizar o número de CPF (Cadastro de Pessoas Físicas) e, assim, conseguir dar entrada no auxílio emergencial de R$ 600 disponibilizado pelo governo devido à pandemia do novo coronavírus.

O homem passou a noite na porta de um posto da Receita Federal em Madureira, na Zona Norte do Rio, até, enfim, conseguir corrigir as informações no cadastro. Foram 17 horas na fila.

Nas redes sociais, muitos cariocas se comoveram e uma cadeia de solidariedade se formou para ajudar o mestre de obras. A vizinha do prédio ao lado do posto da Receita, por exemplo, decidiu ajudar com um pouco de café.

 

"Tocou no meu coração. Pensei: 'O que eu posso fazer?' [Decidi] Levar um café, como eu moro aqui pertinho, levar um café pra ele, pelo menos ele aguenta um pouco", contou a vizinha.

 

 
Raimundo Nonato precisou madrugar na fila da Receita Federal para conseguir atendimento — Foto: Reprodução/TV Globo

Raimundo Nonato precisou madrugar na fila da Receita Federal para conseguir atendimento — Foto: Reprodução/TV Globo

Raimundo Nonato precisou madrugar na fila da Receita Federal para conseguir atendimento — Foto: Reprodução/TV Globo

Raimundo Nonato precisou madrugar na fila da Receita Federal para conseguir atendimento — Foto: Reprodução/TV Globo

Raimundo Nonato precisou madrugar na fila da Receita Federal para conseguir atendimento — Foto: Reprodução/TV Globo

 

Outras pessoas também ofereceram comida e um pouco de conforto. Foi o caso do pintor de casa Severino Santos, que se emocionou com o caso.

"Tava vendo a reportagem de manhã, fui trabalhar. (...) Não dá pra entender. Eu vivo também assim. Mas eu tenho uma dignidade, eu tenho um trabalho. Tenho um patrão, que me deu uma casa. Sou peão também", comentou.

E os gestos de solidariedade se multiplicaram. Um capitão da Polícia Militar saiu direto do batalhão para servir café a quem estava na fila.

 

"Tô saindo do serviço no batalhão. Vi a reportagem do senhor e liguei pros meus filhos. O senhor me motivou. A gente se cotizou, compramos biscoito, refrigerante, café e trouxemos aqui", relatou o oficial.

 

Em seguida, o mestre de obras dividiu com os companheiros da fila todas as doações recebidas.

"Vou fazer uma doagem (sic) na fila, pra todo mundo", falou, agradecido, Raimundo.

A empresária que entrou em contato com a equipe de reportagem disse que pretendia conversar com o mestre de obras sobre uma oportunidade na empresa. "A gente colocar ele já de imediato", contou.

 

'Bico' para sobreviver

 

Desempregado há 10 anos e vivendo de "bicos", a história de Raimundo é similar à de outros brasileiros que enfrentam dificuldades para receber o benefício Ele chegou às 19h de terça-feira (14) na fila do posto da Receita para garantir uma senha de atendimento.

 

"Que dificuldade, né cara? Pô, tanto tributo que a gente paga pro governo, você sabe disso, né? A gente passando essa situação, né? Mas a gente é obrigado, né?", disse pela manhã, antes do posto abrir.

 

Raimundo enfrentou a fila para regularizar os documentos porque foi roubado há alguns meses e não conseguia dar entrada no benefício. Ele conseguiu uma senha para as 10h desta quarta-feira (15).

“Desci do BRT, subi a passarela. Quando sentei no ponto de ônibus que fica de frente para o [supermercado] Guanabara chegou dois moleques. Chegou com uma faca e eu vou fazer o que?”, relembra.

 

Raimundo passou a noite sentado em cima de um caixote de madeira e, de terça para quarta, comeu apenas uma penca de bananas, que ainda dividiu com um outro colega que também estava na fila.

"No momento tô desempregado, fazendo bico por fora, isso aí, pintura. Tenho que levar o pão de cada dia pra casa, né?"

Além das despesas de casa, ele diz que ainda ajuda a comprar os livros da filha, que faz faculdade de medicina em uma universidade pública, e seis funcionários que dependem dele.

"Minha filha tá no quinto período de medicina. Eu agradeço muito a Deus por isso. (...) Os livros que chega pra mim é (sic) caríssimo, pago com sacrifício, às vezes pago parcelado. [Ela] é o meu orgulho, cara, é tudo que eu tenho”, diz o mestre de obra.

A filha tentou ajudar o pai a regularizar os documentos na internet, mas também não conseguiu.

A Receita Federal negou que tenha distribuído senha durante a madrugada na agência de Madureira.

fonte/g1.globo.com


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