Os salários de Raimunda e Danielle somaram, ao todo, R$ 1.029.042,48, dos quais pelo menos R$ 203.002,57 foram repassados direta ou indiretamente para a conta bancária Queiroz. Além desses valores, R$ 202.184,64 foram sacados em espécie por elas. Segundo o MP, isso viabilizaria a "simples entrega em mãos" de dinheiro para o ex-assessor.
De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), Adriano fez contato com Danielle por Whatsapp no dia 29 de dezembro do ano passado —período no qual já estava foragido e com a presente investigação já em curso.
Na ocasião, o miliciano pedia informações a ela sobre a exoneração do cargo —Danielle Mendonça é apontada como funcionária fantasma do gabinete de Flávio desde 2007. Segundo o ex-PM, ela estaria enfrentando dificuldades financeiras.
Em nova conversa, no dia 6 de janeiro, Adriano reitera a questão da dificuldade financeira e diz a ela que "contava com o que vinha do seu também".
Nos diálogos, Queiroz se refere a Adriano como "amigo". O grupo que segundo o MP é chefiado por Adriano, o "Escritório do Crime", é apontado pela Polícia Civil do Rio e pela promotoria como responsável pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018. Os advogados de Adriano negaram em petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) que ele fosse chefe dos grupos criminosos.
A afinidade entre o miliciano e Queiroz fica evidente em outros diálogos. Já investigado e alvo de reportagens que expunham a rachadinha no gabinete de Flávio, ele pediu em 6 de dezembro do ano passado para que Danielle tivesse "cuidado com o que vai falar no celular".
Danielle perguntava, àquela altura, se ainda tinha algo a receber do gabinete de Flávio na Alerj após a exoneração. Diante da negativa de Queiroz, ela responde "meu deus". Após perguntar se poderia voltar a ser nomeada em algum gabinete, Queiroz afirmou "pode ser que sim".