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19/12/2019 às 12h43min - Atualizada em 19/12/2019 às 12h43min

Miliciano ficava com parte de salários de ex-assessores de Flávio, diz MP

 
Chefe da milícia de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio de Janeiro, o ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega ficava com parte dos valores arrecadados através de "rachadinha" no gabinete de Flávio Bolsonaro (RJ-sem partido) à época em que era deputado estadual na Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), segundo afirma o MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) em documento que pede à Justiça do Rio mandados de busca e apreensão e quebras de sigilos.

A Promotoria, que investiga a prática de devolução de parte dos salários de ex-assessores de Flávio na Alerj, teve acesso a diálogos entre Adriano e o ex-assessor Fabrício Queiroz, apontado como operador financeiro no esquema do gabinete de Flávio, após quebra de sigilos telefônicos. Segundo o MP, Adriano interveio junto a Queiroz na tentativa de manter sua ex-esposa no cargo Danielle Mendonça da Costa e admitiu que era beneficiado por parte dos recursos desviados por parentes dele também nomeados na Alerj.
Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz - Reprodução

Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz - Reprodução

 
Flávio Bolsonaro e Fabrício QueirozImagem: Reprodução 

O ex-assessor, amigo do presidente
 Jair Bolsonaro (Sem partido) desde 1984, recolhia parte dos salários de funcionários nomeados no gabinete —vários deles com fortes indícios de serem fantasmas, aponta a investigação do MP. Duas delas são Raimunda Veras Magalhães e Danielle Mendonça da Costa, respectivamente mãe e ex-mulher do ex-PM Adriano Magalhães da Nóbrega —foragido da Justiça após ser apontado pelo MP como chefe da milícia que controla a comunidade do Rio das Pedras, em Jacarepaguá.

Os salários de Raimunda e Danielle somaram, ao todo, R$ 1.029.042,48, dos quais pelo menos R$ 203.002,57 foram repassados direta ou indiretamente para a conta bancária Queiroz. Além desses valores, R$ 202.184,64 foram sacados em espécie por elas. Segundo o MP, isso viabilizaria a "simples entrega em mãos" de dinheiro para o ex-assessor.

De acordo com o Gaeco (Grupo de Atuação Especializada no Combate à Corrupção), Adriano fez contato com Danielle por Whatsapp no dia 29 de dezembro do ano passado —período no qual já estava foragido e com a presente investigação já em curso.

Na ocasião, o miliciano pedia informações a ela sobre a exoneração do cargo —Danielle Mendonça é apontada como funcionária fantasma do gabinete de Flávio desde 2007. Segundo o ex-PM, ela estaria enfrentando dificuldades financeiras.

Em nova conversa, no dia 6 de janeiro, Adriano reitera a questão da dificuldade financeira e diz a ela que "contava com o que vinha do seu também".

Nos diálogos, Queiroz se refere a Adriano como "amigo". O grupo que segundo o MP é chefiado por Adriano, o "Escritório do Crime", é apontado pela Polícia Civil do Rio e pela promotoria como responsável pela morte da vereadora Marielle Franco (PSOL), em março de 2018. Os advogados de Adriano negaram em petição ao STF (Supremo Tribunal Federal) que ele fosse chefe dos grupos criminosos.

A afinidade entre o miliciano e Queiroz fica evidente em outros diálogos. Já investigado e alvo de reportagens que expunham a rachadinha no gabinete de Flávio, ele pediu em 6 de dezembro do ano passado para que Danielle tivesse "cuidado com o que vai falar no celular".

Danielle perguntava, àquela altura, se ainda tinha algo a receber do gabinete de Flávio na Alerj após a exoneração. Diante da negativa de Queiroz, ela responde "meu deus". Após perguntar se poderia voltar a ser nomeada em algum gabinete, Queiroz afirmou "pode ser que sim".


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