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11/07/2022 às 11h20min - Atualizada em 11/07/2022 às 11h20min

Intolerância política: o que se sabe da morte de guarda municipal durante festa no PR

O guarda municipal Marcelo Arruda foi assassinado a tiros na noite de sábado (9), em Foz do Iguaçu (PR), enquanto comemorava seu aniversário de 50 anos com temática do PT, usando bandeiras e cores do partido, além de uma foto do ex-presidente e pré-candidato à Presidência Luiz Inácio Lula da Silva.

Os disparos foram feitos pelo agente penitenciário Jorge José da Rocha Guaranho, que está internado —autoridades divergem sobre seu estado de saúde. Segundo o boletim de ocorrência, ao invadir a festa, Guaranho gritou "aqui é Bolsonaro".
Onde o crime foi cometido? O aniversário reuniu cerca de quarenta convidados na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu. Convidados relatam que, num primeiro momento, acreditavam que Guaranho era um convidado da festa.

André Alliana, amigo do aniversariante, disse ao UOL que a festa transcorria normalmente quando Guaranho chegou por volta das 23 horas, em um carro branco, com a mulher no banco de trás, segurando um bebê de colo.
 

"Achamos que era um convidado, já que também tinha bolsonaristas no local. O Marcelo estava na cozinha e fomos chamá-lo para receber esse homem. Foi aí que vimos que não era brincadeira".

- Em seguida, ele [Guaranho] deu a volta de carro, xingou quem estava lá e disse que ia voltar para 'acabar' com todo mundo. O Marcelo estava com um copo de chope na mão e acabou jogando nele para expulsá-lo do local.
 

Com medo, Arruda foi até seu carro e voltou com uma pistola, diz Alliana. Quinze minutos depois, Guaranho voltou sozinho ao local.

Como aconteceu? Vídeo de câmera de segurança do lado exterior do local da festa, obtido pelo UOL, mostra a chegada do carro de Guaranho. Ele sai do veículo e empunha a arma. A mulher de Arruda tenta dissuadí-lo, mostrando a carteira funcional da Polícia Civil. O atirador desobedece a policial e efetua dois disparos —é possível ver os estampidos da arma de fogo —em direção ao salão de festas.

 

Imagens de câmera de segurança do interior do salão, também obtidas pelo UOL mostram Arruda de pé, caminhando com dificuldade pelo salão, mancando. Segundos depois, ele cai no chão e se abriga atrás de uma mesa.

Em seguida, o agente penitenciário surge correndo dentro do salão de festas, com arma em punho, e mira em direção ao aniversariante, que tentava se proteger.
 

Então, a esposa de Arruda tenta impedir que Guaranho atire novamente. Ele se desequilibra e cai no chão, mas consegue disparar. No vídeo, é possível ver um sinal luminoso saindo da arma em direção a Arruda.

O bolsonarista se levanta sai correndo, ainda armado. Arruda, já ferido, atira contra Guaranho, que é atingido e cai no chão.
 

Um homem não identificado aparece e dá chutes no rosto do bolsonarista, que para de se mover. Outras pessoas também aparecem no salão.

Marcelo Arruda foi socorrido, mas morreu no hospital. Deixa mulher e quatro filhos, incluindo um bebê. Filiado ao PT, ele foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu pelo partido em 2020.
 

Quem é Jorge Guaranho? O perfil no Facebook de Guaranho é repleto de publicações a favor do presidente Jair Bolsonaro (PL) e de pautas defendidas pelo governo federal, como o armamento da população. Nos últimos anos, ele escreveu sobre "limpar" o Brasil do PT.

- Vamos todos juntos nessa luta para limpar o Brasil do PT, limpar o país desses corruptos que só buscam perpetuação no poder às custas do bem da maioria.

 

Guaranho está no serviço público federal desde 2010, de acordo com informações que publicou nas redes sociais. Ele apoiou a eleição de Bolsonaro em 2018 e usa as redes sociais para atacar o PT e o ex-presidente Lula.

No Twitter, Guaranho se define como conservador e cristão, e escreveu "armas = defesa", na descrição de seu perfil. O policial já fez defesas do armamento em publicações abertas. Já com Bolsonaro no poder, Rocha Guaranho foi irônico ao defender o armamento, bandeira do presidente da República.

"Estão criticando quem quer arma sobre o preço e que pobre não pode comprar. Será que eles sabem quanto custa um iPhone." Ele também alimentava teorias de fraude na urna eletrônica —para Guaranho, o fato de Bolsonaro não ter vencido a disputa presidencial com Fernando Haddad (PT) no primeiro turno era a prova disso.

É possível ver imagens do bolsonarista fazendo sinais de armas com as mãos e fotos em apoio ao presidente Bolsonaro nas redes sociais. Antes do atual presidente assumir o poder, o autor dos disparos contra Arruda dizia que "o Brasil está violento e precisa mudar".

Ele pregava que a eleição de Bolsonaro iria resolver o cenário da violência. Ainda em 2018, o agente penitenciário criticou uma suposta agressão sofrida por um eleitor do então candidato do PSL à Presidência, relatando que uma aluna deu socos em um professor que simplesmente vestia a camisa de Bolsonaro.
 

Segundo a Polícia Civil, Guaranho está internado em estado grave.

Quem era Marcelo Arruda? O guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda era casado com a investigadora da policial civil Pâmela Suellen Silva, de 38 anos, e tinha quatro filhos. Filiado ao PT há 30 anos, Arruda era formado em biologia pela UniAmérica Centro Universitário, de Foz do Iguaçu, onde se graduou em 2003.

Guarda municipal da cidade há 28 anos, ele fez parte da primeira turma da corporação. Amigo e companheiro de turma de Arruda na guarda municipal, Marcelo Iared Henriques o descreveu, durante entrevista à GloboNews, como uma "pessoa aguerrida" e "pai de família exemplar", que "não media esforços em lutas sindicais, em prol da classe e das demais categorias da prefeitura municipal".

De fato, a relação de Arruda com a política e as lutas sindicais era antiga. Ele era diretor da executiva do Sismufi (Sindicato dos Servidores Municipais de Foz do Iguaçu), além de filiado ao PT.

Em 2020, Arruda foi candidato a vice-prefeito de Foz do Iguaçu, na chapa encabeçada por Luiz Henrique Dias da Silva, também do PT. A dupla obteve apenas 2.884 votos válidos, ou o equivalente a 2,2% do total. Na época, Arruda declarou à Justiça possuir apenas um bem: um Toyota Corolla no valor de R$ 25 mil.

 














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